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APÓS UMA CRISE

Texto do livro – AUTISMO Trabalhando com a Criança e com a Família (Eliana Boralli)
A Crise é uma cena bastante comum no dia a dia de famílias com filhos autistas. Com vários graus de intensidade e configurando-se de diversas maneiras, as crises desencadeiam-se simplesmente porque não se fez o que o autista queria, na hora em que ele queria. Outras vezes, por ter ouvido um barulho, ou pela quebra da rotina, ou porque se pronunciou a palavra para o qual o autista desenvolveu negativismo e assim por diante. Elas surgem em qualquer lugar e desmontam o equilíbrio da mais estruturada família.
Gritos, choros, beliscões, mordidas, pontapés, tapas, socos, cabeçadas na parede e nos outros, jogar objetos e jogar-se no chão são alguns dos elementos que fazem parte de uma crise.
Nem todos os elementos aparecem no mesmo autista ao mesmo tempo, mas sejam eles quais forem são meios de comunicação inadequados e, quando acontecem, desenvolvem na família uma sensação absurdamente grande de “impotência” e frustração, medo e fracasso. Por mais que me esforce, não encontro palavras que registrem, com fidelidade, a forte emoção pela qual passam os pais durante e depois de uma crise.
Após a Crise é necessário em tempo mínimo de meia hora até que a família oriente suas ações novamente. É como se o trem saísse completamente dos trilhos. Perde-se a noção e o rumo das coisas e este misto de sensação de fracasso e impotência vai ser adequando até que tudo volte ao “normal”.
Também aqui, quando menor a criança, mais difícil é lidar com os sentimentos após uma crise. Mas, quanto mais velho autista, mais difícil é administrar sua força física. Seja qual for sua idade, lidar com a crise e com os sentimentos subsequentes dela vai ser sempre um desafio para as famílias.
É Importante que os pais tenham consciência de que a crise, por uma razão ou outra, poderá acontecer e que é muito difícil se preparar psicologicamente para ela. No entanto, não se pode permitir que a “crise” seja o elemento desencorajador ou o elemento que provocará desesperança e enfraquecimento.
O trabalho em busca do fortalecimento da comunicação adequada do autista deve continuar sempre, pois só assim ele terá mais chances de desenvolver um nível de compreensão e comunicação que irá aos poucos eliminando ou diminuindo as crises.
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